Desespero,
é essa a palavra, como se tudo a sua volta, lhe sufocasse, não é o suficiente,
não é o certo, não é o seu sonho, vivemos em um mundo onde todos os sentimentos
estão se tornando supérfluos, onde não sabemos em quem confiar, se é que
chegamos a confiar realmente, é um mundo onde amor, amizade e família, são
apenas palavras, você deve estar falando, nossa você não sabe de nada, ou, você
nunca amou, pode ser, pode ser que nunca tenha amado, ou que nunca aprendi a
amar, mas amor é um sentimento que se pode medir? Porque eu tenho a plena
convicção que eu amei, que eu aprendi a amar, que eu amei o máximo que
consegui, que fui ao meu limite por alguém, mas vale a pena só amar e não ser
correspondido, ou amar com toda alma, aqueles que dizem que se importa, mas não
se importam? Não sei, me faça essa pergunta daqui uns anos, só posso lhe
responder nesse momento que eu estou decepcionada, principalmente comigo mesma,
me falta força pra lutar e pra acreditar no ser humano novamente, minha amiga
me disse que eu sou uma burra, que eu acredito na humanidade, rsrs, acho que
sim, mas ultimamente estou aprendendo a deixar pra lá, deixar pra lá, aqueles
que me feriram, aqueles que se acham dignos, e não são porra nenhuma, desculpe
o linguajar, mas para certas pessoas, esse é o único que as cabe, afinal,
pessoas com o caráter sujo, por mais que você esteja um nível a cima, esse é o
único linguajar para descrevê-los, você se abre, você se doa, você fica tão
aberto, que tem algumas pessoas que enxergam sua alma, e o que acontece? Eles
ferram com tudo, estou acostumada com decepções, com tragédias, com pessoas que
vem e vão, e no meio do caminho eu aprendi a deixar ir, cheguei naquele momento
em que você só se preocupa se as cicatrizes vão doer menos no outro dia, e que
depois eu conseguirei me levantar, e é assim que vão as coisas, já ouvi que não
sei amar, que nunca aprendi o que era amor, não, eu aprendi sim, eu sei o que é
amor, amizade e família, eu apenas me entrego para aqueles que por mas que os
machuquem, ainda vão estar lá por mim, quando a amizade, aprendi que cada
pessoa age da forma que ela deve agir, e que simplesmente alguns são só
conhecidos, e que não devemos colocar muitas fichas em quem você não apostaria
nem uma bala, e quanto a família, eu tenho a minha, pequena, apenas com duas
pessoas, mas são as únicas que no final, vão estar ali por mim, e que depende de
mim, somente de mim, ser melhor. Quanto ao desespero ele sempre vai estar ali,
como se a minha alma, precisasse ir se curando de toda dor, de toda mágoa e
ódio, porque por mais que você tente esquecer a ferida sempre vai ficar
aberta,vou deixar exatamente um texto que eu gosto, que realmente consegue
demonstrar tudo que eu estou sentindo nesses últimos dois meses.
(...)
(...)
"Nunca
sofri um acidente de avião, mas já ouvi relatos de sobreviventes. Eles percebem
a perda de altitude, a potência enfraquecida das turbinas, o desastre iminente,
até que acontece a parada definitiva da aeronave e ouve-se um barulho fora do
normal, algo verdadeiramente assustador.
Então após o estrondo, sobe do chão um silêncio absoluto. Por alguns
segundos, ninguém fala, ninguém se move. Todos em choque. Não se sabe o que
aconteceu, mas sabe-se que é grave.
Alguma
coisa que existia não existe mais. É a quietude amortizante de quem não
respira, não pensa, não sente nada ainda. Só então, depois desse vácuo de
existência, desse breve período em que ninguém tem certeza se está vivo ou
morto, começam a surgir os primeiros movimentos, os primeiros gemidos, uma
sinfonia de lamentos que dará início ao que está por vir: O depois."