sexta-feira, 30 de maio de 2014

Palavras desmoronam. Promessas desmoronam. Sonhos desmoronam. Nós vivemos em meio a destroços e convivemos com a esperança de reerguer algo que o tempo deteriorou ou para ele não levar toda a culpa, que as ações deterioraram. Nossa vida é uma construção mal-feita, com seu alicerce não planejado, suas corrosões sem soluções e suas fissuras sem conserto. Queremos seguir a qualquer custo e não percebemos as dimensões dos cômodos e quando damos conta, algo que idealizamos não cabe ali dentro por conta dos móveis empilhados, das pessoas que chegaram para visitar e ali ficaram ou dos sonhos que não realizamos e deixamos guardados no recanto, ou quem sabe, não conseguimos sair porque esquecemos de colocar a porta e ficamos presos em meio aos nossos terríveis medos, desde os mais banais como o do escuro até os mais assustadores, como perder alguém a quem amamos. Temos medo de ficar sem o nosso “teto” e se molhar na chuva fria e ficar sem aquele abraço forte e caloroso que nos acalenta. Somos edificações não terminadas, com um pouco de reboco, um conserto na madeira aqui e ali, com uma porta sem fechadura, ou um cômodo sem janela. E como toda casa, também desmoronamos. Aliás, o mundo todo desmorona todo final de dia. — Sou um ser feito de barro, apenas.